“... Ou qual a mulher que, tendo dez dramas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?” (Lucas 15.8)
Perder coisas é algo mais comum do que se pensa. Felizes os que não têm histórias para contar nesta área. Eu já perdi dentro de casa chave e documento do carro, título de eleitor etc.
É por isso que, em lugares públicos, encontramos a sessão de “achados e perdidos”.
O texto acima faz parte das três parábolas do conjunto de perdas contadas por Jesus: a da ovelha, da dracma e do filho pródigo. Têm em comum a perda e o resgate do que foi perdido. Nas parábolas da dracma e da ovelha, ambas foram procuradas e encontradas. A do filho pródigo houve o seu resgate porque decidiu voltar para a casa de seu pai.
A dracma era moeda grega cunhada em prata, de uso no século I D.C., conforme encontramos nos evangelhos.
No verso e no anverso da dracma havia estampas. De um lado, a cabeça da deusa Atena; no outro, a figura de coruja. O seu valor correspondia ao valor de um dia de trabalhador braçal, entre R$60.00 a R$120.00. Além do valor financeiro, o autor Kenneth Baily sugere que a dracma tinha valor de representatividade. Poderia fazer parte do conjunto de outras dracmas.
Nesta parábola, dois aspectos são importantes: o primeiro, a extensão do valor da moeda assim como sua representatividade como um dote. O segundo, o local onde foi perdida, ou seja, dentro de casa.
Gostaria de usar o exemplo da dracma como sentido figurado para nós. Ela pode ser um conceito, algo que em determinado momento ocupou lugar de destaque em nossas vidas, e, depois, foi perdendo seu valor. Algo importante, uma verdade a ser seguida.
Perdemos este valor quando, por exemplo, nos despojamos negligentemente de uma convicção que sabemos ser verdadeira e justa, e adotamos outra, falsa, em seu lugar; ou quando renunciamos a um princípio verdadeiro que era para nortear nossa vida, e agimos contra esse princípio.
Podemos pensar em alguns exemplos, que a Bíblia nos traz, de pessoas que perderam valores importantes como a dracma.
1º Adão e Eva perderam-se dentro do Jardim do Éden. Perderam os valores que Deus tinha lhes passado. Optaram em seguir a insinuação da serpente, que era o próprio Satanás.
2º Esaú trocou o direito da primogenitura por um prato de lentilhas. Por essa troca, Deus o reprovou - Hb 12.16 e 17: “Não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que por uma única refeição vendeu os seus direitos de herança como filho mais velho. Como vocês sabem, posteriormente, quando quis herdar a bênção, foi rejeitado; e não teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bênção com lágrimas.” Figuradamente, podemos pensar quais dracmas temos perdido ao longo de nossa vida cristã?
Alguns exemplos:
a) A dracma perdida causada pelo desânimo.
Quem nunca se desanimou algum dia? Será que alguém poderia dizer que nunca se desanimou com alguma coisa? Quando falta o dinamismo na vida do cristão, o desânimo vai se instalando na nossa vida. Daí, muitas vezes desanimamos com o culto, com a igreja, com a célula, com o louvor e com a caminhada com Deus.
Por isso, ouçamos o conselho do salmista nos exortando a manter o bom ânimo e fortalecer o coração com uma receita simples: esperar no Senhor, Sl 27.14: “Espere no Senhor. Seja forte! Coragem! Espere no Senhor.”.
b) A dracma perdida causada pela falta do primeiro amor.
O esfriamento na fé, do amor a Deus e à Sua Palavra são perdas lamentáveis na vida do cristão. Em Ap 2.4 e 5, a igreja em Éfeso perdeu o seu primeiro amor: “Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar.” Podemos perder esse primeiro amor na falta de vida de oração, no abandono da leitura da Palavra de Deus; no interesse de comunhão com os irmãos; no testemunho do Evangelho de Jesus a outros; no interesse pela vida da igreja, e outras coisas mais, que nos afastam do primeiro amor a Deus.
c) A dracma perdida causada pelas decepções nos relacionamentos.
Relacionamentos frustrados com amigos, entre irmãos de fé, com familiares, amorosos, com o cônjuge, entre irmãos de sangue, e outros mais.
Diante disto, como recuperar a dracma perdida? O que a parábola nos ensina?
1º) Buscar de forma diligente o que foi perdido (v. 8): “e busca com diligência até a achar”.
Temos uma tendência surpreendente de nos acomodar diante das perdas na vida. Nosso comodismo nos traz grandes prejuízos para a vida espiritual. Como defesa, gostamos de minimizar as perdas. Chegamos a dizer: “As coisas são assim mesmo”; “Isto acontece com qualquer um”; “O tempo é o melhor remédio”; “Um dia vou mudar.”... Mas a mulher procurou com todo cuidado a sua dracma perdida.
2º) Esforçar-se na busca: “Ela acende a candeia, varre a casa, e busca com diligência até a achar” (v.8).
Para encontrar o que se perdeu, não basta procurar por cima e apressadamente. É necessário grande empenho para localizar o que ficou pelo caminho porque pode estar escondida onde menos esperamos. A mulher da parábola certamente revirou a casa, varreu todos os cantos, ergueu os tapetes ciente de que ali era o lugar onde deveria fazer a busca.
3º) É necessário buscar com a ajuda da luz.
A mulher da parábola cuidou de acender uma candeia para melhorar a busca. Sem luz, ficaria difícil encontrar a pequena moeda.
Jesus é a nossa luz. Vemos isso, em Jo 8.12: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.”. Diante disso, eu pergunto a você: Será que você perdeu alguma dracma? E se perdeu, será esfriamento espiritual? Será a falta do primeiro amor pelas coisas do Senhor? Ou alguma coisa que lhe tem causado amargura? Quem sabe a falta de perdão? Ou a falta de esperança? Pode ser uma decepção em algum relacionamento, com a liderança da Igreja, ou da Célula, ou algum familiar?
Queridos leitores, hoje é tempo de buscar a dracma perdida. É tempo de recuperação. É tempo de restauração. É tempo de resgate.
Que o Senhor o conduza à reflexão e à ação.
Quem sabe você antes era ativo ou ativa na casa do Senhor, fazendo parte de grupo de louvor, de Célula, do Coral, ou outro ministério, e, por algum motivo, perdeu o entusiasmo, perdeu a dinâmica, perdeu a vontade de participar. Hoje é tempo de recuperar essa dracma. Eu convido você que faz parte de “uma Igreja de mãos dadas e corações unidos” a caminharmos juntos. Assim poderemos nos empenhar em fazer mais e mais a obra que Deus nos delegou.
Como IEVY, temos várias frentes de atividades. Ore nesse sentido, veja onde você pode se encaixar.
Que o Senhor use você para a glória dEle e nos abençoe.
No amor de Jesus.
Pr. Elbem Sardinha.
NOTA: Mensagem pregada no culto da manhã na IEVY, em 14.4.19.