“Um dia ela (a escrava adolescente) disse à sua senhora: "Se o meu senhor Naamã procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra"... “Eliseu enviou um mensageiro para lhe dizer: "Vá e lave-se sete vezes no rio Jordão; sua pele será restaurada e você ficará purificado". (2 Reis 5.3 e10).
Quero trazer uma mensagem da parte de Deus que abençoe o seu coração, baseada em 2 Reis 5.
Havia dois reinos vizinhos, de Israel e da Síria. Houve batalha entre ambos, a Síria venceu e levou várias pessoas cativas de Israel para a Síria. Entre esses prisioneiros de guerra, encontrava-se uma adolescente que passou a servir como escrava na casa de Naamã e ajudante de sua mulher (v.2). A menina era crente temente a Deus. Ela observava tudo que acontecia naquela casa. Um dia ela se encheu de coragem e disse à sua patroa. “Se o meu senhor Naamã procurasse o profeta (Eliseu) que está em Samaria, ele o curaria da lepra" (v.3). Sua patroa comentou com seu marido o que jovenzinha israelita lhe tinha dito. Talvez Naamã já tivesse gasto muito dinheiro em busca de cura de sua lepra sem nenhum resultado satisfatório. A lepra era enfermidade incurável na época. O general Naamã era um militar herói nacional respeitado pelo rei da Síria e dera muitas vitórias ao seu País (v.1). Com toda sua pompa militar, tinha um sério problema, “era leproso!”. Se morasse em Israel, teria que ser confinado fora do convívio da família, dos amigos, da sociedade e dos muros da cidade. A Síria não tinha esse costume de isolamento. Naamã comentou com o seu rei a conversa da menina prisioneira ajudante de sua esposa. Imediatamente, o rei providenciou carta ao rei de Israel apresentando o general Naamã para que o curasse. Para a viagem, Naamã providenciou 350 quilos de prata, 72 quilos de ouro e 10 mudas de roupas de festa para levar de presente àquele que o curasse.
O rei da Síria seguiu os trâmites diplomáticos endereçando a carta ao rei de Israel. Não entendia nada de fé no Deus de Israel. Nem sabia o que era profeta. Ao ler a carta, o rei de Israel rasgou suas próprias vestes sentindo-se ofendido e entendendo que era motivo de provocação de desentendimento entre os dois povos, e guerrearem novamente (v.7). Quem poderia curar Naamã era Deus, através do profeta Eliseu e não o rei de Israel.
Eliseu ficou sabendo da atitude do rei de Israel e mandou recado para que o rei enviasse Naamã a sua casa. Chegando a comitiva de Naamã à casa de Eliseu, este orientou seu mordomo Geazi para dizer a Naamã que mergulhasse sete vezes no rio Jordão, que ele ficaria curado. Naamã se indignou e esbravejou dizendo que pensava que seria recebido com honrarias, que o profeta orasse por ele com imposição de mãos sobre sua ferida (v.11) e o curaria da lepra. Naamã, furioso, resolveu voltar para a Síria (v.12). Louvado seja Deus pelos conselheiros ou pela turma do “deixa disso”. “Na multidão de conselhos há sabedoria”. Com todo respeito, seus conselheiros argumentaram com ele dizendo que, se o profeta tivesse pedido algo difícil, Naamã não o faria? “Ele pediu uma coisa tão fácil, mergulhar sete vezes no rio Jordão!” (v13). Tente pelo menos! Vamos lá!”. Naamã concordou. Mergulhou sete vezes e, na sétima vez, sua pele ficou totalmente purificada como de uma criança e ele foi curado (v14).
Quero destacar algumas qualidades da jovenzinha israelita crente prisioneira e anônima quando, com coragem, deu aquela informação sobre o Deus de Israel e o profeta Eliseu. Ela disse "Se o meu senhor Naamã procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra" (v.3). Interessante notar três fatores que desvalorizavam aquela informante crente: Era escrava, mulher e adolescente. Naquela época e cultura, estes três fatores não contavam com o respeito da sociedade síria.
Alguns princípios que essa jovenzinha crente tinha e que nós precisamos ter hoje também:
1. A jovenzinha tinha credibilidade – Sabia que havia Deus em Israel. Sabia que o profeta Eliseu era homem usado por Deus. Sua informação mereceu credibilidade perante sua patroa. Como crentes em Jesus, precisamos ter credibilidade para que nosso testemunho sobre a salvação em Jesus tenha consistência perante os que nos ouvem. O mundo quer ouvir a verdade.
2. A jovenzinha não tinha amargura em sua alma – Se a jovenzinha fosse amarga, poderia ficar calada e deixar que o patrão sofresse. “Quero que ele morra!”. Não. Pelo contrário, ela não tinha nenhuma amargura. Tinha um coração perdoador. Era uma jovenzinha de bom testemunho e serva de Deus.
3. Era uma jovenzinha de fé – Sabia que seu Deus em Israel tinha todo poder para curar, para fazer milagres. Temos que crer que Deus tudo pode para transformar a vida do ser humano, mudar seu caráter, converter da vã maneira de viver.
4. Era uma jovenzinha cheia de compaixão – Não deu importância ao seu sequestro pelos siros. Seu coração estava cheio de compaixão pelo sofrimento de seu patrão, o general Naamã. Não era tão simples. Naamã derrotou o povo de Israel na batalha e ela foi feita prisioneira de guerra. Ela não barganhou sua informação com sua possível libertação da escravidão. Na pregação do evangelho não pode haver exigência de reciprocidade, de troca, de pagamento: “De graça recebemos, de graça damos!”.
5. Era uma jovenzinha missionária – Ela demonstrou aos seus senhores que ela tinha algo precioso para compartilhar, a fé no Deus de Israel. Ela repartiu as bênçãos que tinha recebido em sua vida como adolescente. Jesus nos deu uma missão para cumprirmos: “Ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura”. Naamã deu crédito à informação da menina e foi buscar a cura no Deus que a menina escrava proclamou. Sejamos um exército de missionários. Sejamos fieis ao Senhor e à Igreja em que Deus nos colocou.
Que Deus nos abençoe e nos faça, a cada dia, crentes com credibilidade, sem amargura, cheios de fé, com compaixão e missionários em qualquer lugar que estivermos.
Pr Paulo César Brito
(pastor titular da I. E. Maranata, Rio de Janeiro, médico, poeta, compositor, cantor, arranjador)
NOTA: Mensagem pregada para transmissão pela IEVY no domingo, 30.5.21.
Comentários