“... Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”. depois da ceia ele tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que o beberem, em memória de mim” Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice.” (1ª Coríntios 11.23 a 32).
O propósito desta Pastoral é convidar a todos os irmãos em Cristo a celebrar a morte de Jesus em nosso favor e em nosso lugar com sincera gratidão, pois a morte de Jesus nos concedeu a Vida Eterna.
Encontramos o relato da celebração da Páscoa de Jesus com seus discípulos, pela última vez, e a instituição do Memorial da Ceia do Senhor em Mt 26.26 a 30; Mc 14.12 a 26; Lc 22.7 a 23; e Jo 13.18 a 30, sem os detalhes da Ceia. Dos Evangelhos citados, apenas Mateus e João participaram presencialmente daquele ato.
Em Mt 26.30 e Mc 14.26, há o registro de um detalhe próprio de um ato de comunhão: “Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras”;
Em Lc 22.15, Jesus abriu o coração a seus discípulos e pôs um ponto final na celebração da Páscoa como sinal profético de Seu sacrifício como Cordeiro de Deus em favor da humanidade: “Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer!”.
A Ceia do Senhor não é ritual religioso comum, formal e desprezível. A Ceia do Senhor é ato sério e solene que traz à nossa memória o sacrifício vicário e expiatório que Jesus fez por nós na cruz, para perdoar os nossos pecados e restabelecer a comunhão entre o homem pecador e Deus santo!
O sacrifício de Jesus é vicário porque Ele tomou o nosso lugar na cruz, nos substituiu no castigo que nós merecíamos por causa de nossos pecados; é expiatório porque Jesus remiu a nossa culpa, pagou a nossa pena; padeceu, sofreu as consequências de nossos pecados, assumindo-os na cruz.
Deus cumpriu em Jesus o Plano Eterno da Redenção humana: para perdão de pecados, uma vida se daria em lugar de outra vida; uma morre para que a outra viva perdoada.
A Páscoa dos Judeus era tipo do que iria acontecer com Jesus no dia seguinte na Cruz: o Cordeiro de Deus foi morto para salvar não apenas os primogênitos, mas todos os pecadores;
A Páscoa significa a “passagem” do anjo da morte pela terra dos egípcios com a mortandade de todos os primogênitos, e o livramento dos israelitas que tinham sacrificado um cordeiro por família e aspergido seu sangue no batente da porta de suas casas. O sinal de sangue livrou da morte os primogênitos da casa dos israelitas.
Foi Jesus mesmo quem instituiu esse Memorial como meio de Graça para a Humanidade perdida.
Por saber que somos muito esquecidos, e para ter a memória ativada sobre Sua morte, Jesus instituiu o Memorial da Ceia: o pão representa sua carne ferida, dilacerada; e o vinho, o Sangue derramado na cruz em nosso favor.
Somente aqueles que foram remidos e lavados pelo sangue do Cordeiro e confessam o Senhor Jesus como seu Salvador e Senhor podem e devem participar desse banquete da Graça: a Ceia do Senhor!
Só aqueles que entendem e aceitam, ou seja, discernem o que Cristo fez na cruz são chamados para participar da celebração desse Memorial.
O apóstolo Paulo não estava entre os doze discípulos que participaram da instituição do Memorial. Paulo recebeu a revelação direta de Jesus Cristo quando esteve em comunhão com o Senhor no deserto da Arábia, Gl 1.17.
Por isso, Paulo tratou de maneira objetiva e prática sobre a instituição e os cuidados na celebração da Ceia do Senhor: “Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei...” (v.23).
Do texto bíblico (1Co 11.23-34) temos quatro lições preciosas e importantes para este momento:
1ª. O MEMORIAL DA CEIA DO SENHOR PROCLAMA O SACRIFÍCIO DE JESUS NA CRUZ EM NOSSO FAVOR E NOS FAZ LEMBRAR O SEU VALOR - vs. 23-26
O Memorial foi instituído para que nós nunca nos esquecêssemos do que Jesus fez por nós, e lembrássemos sempre do valor do sacrifício vicário e expiatório a que Jesus foi submetido na cruz em nosso lugar. Paulo nos lembra e aos coríntios – vs.23 a 25: “... façam isto em memória de mim”. Uma noite tão solene de celebração da Páscoa pela última vez, e a revelação de um traidor entre os doze escolhidos por Jesus para serem Seus discípulos.
A morte de Cristo é o ponto central do evangelho. Sem a Cruz de Jesus, não existe Evangelho! Sem a Ressurreição de Jesus, não existe Vida Eterna para os pecadores;
Fomos reconciliados com Deus pela morte de Cristo. É pela morte dEle que temos vida.
Devemos anunciar a sua morte até que Ele venha em glória para buscar os salvos, a Igreja triunfante – Mt 24.12-14:
2ª. O MEMORIAL DA CEIA DO SENHOR NOS FAZ SÉRIA ADVERTÊNCIA
É pecado grave participar da Ceia do Senhor indignamente. O pecador que assim procede torna-se réu do Corpo e do sangue do Senhor - v.27. A pessoa não faz diferença entre o santo e o profano, ou imundo! É não estar com “trajes espirituais” lavados no sangue de Jesus – Ap 22.14.
Discernir é saber distinguir, separar entre uma coisa e outra, entre o que é santo e o que é imundo. É fazer distinção entre o que pertence ao Corpo de Cristo e o que não pertence – é separação entre o Santo e o profano ou imundo. É fazer a diferença entre o salvo e o perdido. O salvo come e bebe para celebração de sua vida eterna em Jesus! v.29.
Não podemos participar do Memorial da Ceia do Senhor de forma indigna, em pecado. Por isso, o apóstolo Paulo aconselha nas suas instruções – v.28: “Examine-se cada um a si mesmo, e então (depois de ter feito o exame na sua consciência) coma do pão e beba do cálice”.
Depois de examinar-se a si mesmo, de fazer um autoexame de suas condições espirituais no Corpo de Cristo, ENTÃO, “coma do pão e beba do cálice”. Essa participação não é por nosso mérito, mas é privilégio dado por Jesus ao pecador perdoado; é obra da Graça de Deus.
A Ceia do Senhor é o prenúncio da Celebração das Bodas do Cordeiro com a Igreja, Sua Noiva, nos céus!
3ª. O MEMORIAL DA CEIA DO SENHOR É ORDENANÇA DE JESUS – vs.28,29
Ao participar deste Memorial, fazemos três coisas simultaneamente: a) Olhamos para o passado e contemplamos o sacrifício de Jesus na cruz; b) Olhamos nossa condição de salvo no presente diante de Seu sacrifício; c) Olhamos para o futuro, aguardando a vinda gloriosa de Cristo para buscar a sua Igreja triunfante.
Não somos chamados para julgar os outros, mas para examinarmos a nós mesmos diante do sacrifício vicário (em lugar de) e expiatório (para remir, pagar a dívida em lugar de).
Quando nosso autoexame do coração é superficial nos tornamos críticos e intolerantes com os outros.
4ª. O MEMORIAL DA CEIA DO SENHOR FALA DA DOLOROSA REALIDADE – vs.30 a 34
A participação descuidada, relaxada, formal ou por mero costume na Ceia do Senhor produz resultados desastrosos.
Em vez de edificação vem juízo; em vez de prazer espiritual vem disciplina; em vez de bênção vem maldição.
Paulo menciona três níveis dessa disciplina progressiva: Enfraquecimento, doença e morte. Entre os crentes de Corinto havia gente fraca, enferma e alguns já haviam morrido.
O pecado sempre produz resultados desastrosos, sobretudo, na vida espiritual dos crentes.
Concluindo, leitores, a Ceia do Senhor é um momento de autoexame; é a oportunidade de arrependimento, de gratidão e alegria. Quando houver nova oportunidade, mesmo à distância, cada um em sua casa, aproximemo-nos da Mesa do Senhor com reverência e temor e, ao mesmo tempo, com gratidão e alegria. Mesmo cada um em sua casa, celebremos a Ceia do Senhor em tom de júbilo porque nos fala de nossa libertação do poder e da culpa do pecado! Hoje é dia de festa pela nossa salvação conquistada pela morte de Jesus na cruz do calvário!
Que Deus assim nos abençoe.
Pr. Ageo Silva
NOTA: Mensagem pregada no domingo, 2.5.21, na IEVY, com a 1ª celebração da Ceia do Senhor ON LINE depois de 14 meses em isolamento social.